Reproduzo abaixo esse texto da querida Luma Rosa do Blog Luz de Luma, yes party!
Chuvas de verão. Saudades?
Enquanto lia o texto "Sagrada Gota" da Monica Othero onde ela diz das mudanças de um certo rio que antes era caudaloso e hoje é um rabisco de rio, lembrei-me de alguns rios da minha infância que praticamente viraram córregos.
REQUIEM POR UM RIO MORTO
Eu caminho lento
porque a estrada se fez mínima.
As pedras são fantasmas,
as árvores, monstros esquálidos,
com os braços já raquíticos
tentando, num abraço fúnebre,
parar um só vivente...
Sou eu...
Eu caminho lento
porque desabou o céu.
Os astros fundiram-se
numa poeira cósmica
que sufoca, impertinente,
um só vivente...
Sou eu...
A estrada fez-se mínima.
Sem pressa...
Sem medo...
Encontro-me na imensa necrópole
de um só túmulo.
Cova rasa,
cova grande,
cova pobre
de um morto universal.
Sem uma prece...
Sem uma flor...
Sem uma lágrima...
Prece?...
O som rouquenho
de gargantas metálicas
a vomitar, intermitente,
a alquimia digerida
de monstros distantes.
Flor?...
A brancura química
de espuma informe e fétida
que passeia, irreverente,
pelo dorso frio
deste morto universal.
Lágrima?...
Quisera eu chorá-la:
Uma lágrima imensa
que purificasse a mácula
deste morto milenar.
Uma lágrima que fosse o bálsamo divino
milagre novo de vida.
Prece?...
Eu quisera gritar agora...
Rolar pedras de todos os túmulos...
Desafiar as forças cósmicas...
Desrespeitar todas as leis físicas...
Desvendar todos os mistérios...
Invocar a divindade bíblica:
- Lázaro, levanta e anda!
- Meu Paraíba,
Rio de todos nós
Meu cadáver universal
Vive e deixe-nos viver!
Por duas vezes, no último mês, tive que tomar soro no hospital. Talvez se eu fosse mais gordinha, tivesse maior concentração de água no corpo e não me sentisse tão mal. O nosso corpo interage com o ambiente e a situação que estamos vivendo nos últimos dois meses, no mínimo serve de treinamento para o que virá.
Sugestão de Leitura: "Lembranças de um Rio" - Texto do amigo blogueiro Vitorio Nani. #Superindico!!
Luma Rosa
Rios ocultos
Você Sabia que em São Paulo há mais de 300 córregos e riachos oficiais, mas a equipe do Projeto Rios e Ruas estima que esse numero é no mínimo o dobro, os paulistanos não os vêem porque a partir de 1930, com a intensificação da industrialização de São Paulo, os rios foram gradativamente cedendo lugar para as ruas e os automóveis. Como é proibido erguer um prédio em cima de um rio, para evitar a contaminação do lençol freático, a maioria fica sob o asfalto. O geógrafo Luiz de Campos Jr, um dos idealizadores do projeto, garante que nenhum paulistano mora a mais de 200 metros de um curso d’água.Infográfico da Veja http://veja.abril.com.br/multimidia/infograficos/rios-de-sao-paulo |
Uma das expedições que participei em Julho/2012 com o projeto Rios e Ruas e Virada Sustentável ao Córrego Verde na Vila Madalena, um dos poucos lugares onde pode ser visto (perto do Beco do Batman), a maior parte está canalizada. No local costumam ocorrer muitas enchentes. Existe um projeto de parque linear para recuperar o espaço da nascente e drenar as águas das chuvas evitando enchentes. Conheça melhor o projeto deste parque linear através desse aquivo em PDF. Foto de arquivo pessoal.
O maior desastre natural causado pelo homem devido a transposição de rios
No Brasil vemos atualmente a transposição do Rio São Francisco onde está sendo gasto bilhões, mas pouco se estudou a respeito dos impactos ambientais e sociais. Há barragens entregues onde sequer se chega a água até o momento e os danos que estão sendo causados por essa obra são considerados irreversíveis. A WWF fez um estudo, disponível para download em inglês na homepage da organização (www.wwf.org.br), onde se dedica a descrever sete projetos de transposição já implantados, em implantação ou em discussão pelo mundo. À transposição do Rio São Francisco são dedicadas três páginas, onde são analisados argumentos favoráveis e contrários ao projeto. Apesar disso, o estudo da WWF é categórico ao afirmar que obras de transposição são sempre muito caras, trazem impactos negativos ao meio ambiente, comprometem fluxos naturais de rios e a capacidade dos cursos d’água de promover os usos múltiplos de recursos hídricos nas bacias doadoras de água, como abastecimento, navegação e irrigação.
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