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27 de junho de 2013

Existe extração sustentável do ouro?

Passeando pela web me deparei com esse post no blog Biboca ambiental, e como essa era uma dúvida que eu também tinha, achei interessante e decidi compartilhar aqui.

Existe um método de extração do ouro que não prejudique o meio ambiente e os trabalhadores?

O ouro está presente em joias, equipamentos e na medicina. Os usos do ouro se multiplicam, assim como os problemas ligados à poluição ambiental decorrente da mineração em larga escala.
Os métodos de extração variam de acordo com as características geológicas de cada lugar.
Muitos mineiros realizam suas tarefas em condições precárias e arriscadas. Eles são responsáveis por 10% a 15% da produção mundial desse metal, constituindo 90% da força de trabalho empregada na atividade mineradora.
Às condições de trabalho problemáticas, somam-se os efeitos deletérios da mineração intensiva, não só sobre o meio ambiente, mas sobre os trabalhadores que manuseiam substâncias tóxicas. Entre os desastres ecológicos provocados pela extração não controlada, estão o desmatamento e a poluição dos rios.

Os selos Fairtrade e Fairmined. 

A mineração artesanal e de pequena escala tenta encontrar uma solução para esse problema. A Fairtrade Labelling Organizations (FLO) e a Aliança pela Mineração Responsável (ARM) se uniram para criar uma certificação e assegurar uma metodologia que respeite o meio ambiente e os trabalhadores.
O selo Fairtrade e Fairmined garante que a extração de ouro é livre de produtos químicos que contaminam a terra e prejudicam a saúde dos mineiros, incluindo substâncias tóxicas tradicionalmente utilizadas no processo, como mercúrio e cianureto.

Entre outros pontos, as minas que contam com essa certificação também reconhecem os direitos trabalhistas das mulheres mineiras e proíbem o trabalho infantil. Outros benefícios incluem o pagamento de salários até 10% mais altos que o valor oficial do mercado, e o compromisso de investir no desenvolvimento de projetos que beneficiem a comunidade. Atualmente, a mineração certificada está presente em mais de 55 países.

Muitos trabalhadores da Ásia, África e América Latina adotaram a extração de ouro responsável, mas diversos governos favorecem a extração em grande escala.

Considerando que cerca de 50% da produção de ouro é destinada à fabricação de joias,  o papel do consumidor também é importante. Para que os consumidores saibam em que condições foi extraído o ouro de suas joias, a Aliança pela Mineração Responsável está trabalhando para lançar uma certificação internacional de extração ecológica. Se comerciantes, joalheiros e consumidores se comprometerem a adquirir joias certificadas (ou comprar ouro de forma responsável), estarão contribuindo para solucionar um problema sério.

A auditoria dos sistemas de extração tem vantagens que a tornam recomendável, se quisermos garantir um futuro livre de desastres ecológicos e sociais.

Separei algumas curiosidades e fotos, confira abaixo:

Foto: Correio do Brasil - Pepita de mais de 10 kg encontrada no garimpo de Serra Pelada, no Pará.
Lá também foi encontrada anos atrás uma pepita de ouro de 60 kg (a maior do Brasil), sendo 54kg do minério puro.

Na década de 1980, a antiga mina chegou a ter mais de 80 mil garimpeiros trabalhando ao mesmo tempo, formou-se a chamada corrida do ouro. Estimativas oficiais apontam que, na época, foram extraídas aproximadamente 40 toneladas do metal. No entanto, a conta pode ser maior, pois parte considerável foi vendida clandestinamente.

Em 1987 muitos perderam a vida tentando atingir a cota 190 (altura do nível do mar)  achando que ali 60% ou 70% de todo o material seria ouro puro. A descida foi desenfreada e os barrancos, feitos sem estrutura, desabavam soterrando garimpeiros na própria riqueza que buscavam. Depois desses incidentes houve nova descida que prosseguiu de forma mais racional, menos íngreme em direção ao fundo e mais segura. 

A partir de 1987, quando novamente se aproximavam da cota 190, sabotagens e boicotes se tornaram freqüentes. Diversos motores das bombas de sucção da água foram inutilizados com areia e açúcar em suas engrenagens. A passagem da água criava sulcos nas paredes da cava, aumentando muito o risco de desabamento. Em busca de segurança era preciso derrubar aquelas paredes frágeis dentro do próprio buraco que abriam, para só então recomeçar a cavar. Após muitos dias de trabalho voltavam ao ponto que estavam antes e não passava muito tempo até nova sabotagem ocorrer, exigindo repetir o trabalho. Em 88 se tornou inviável prosseguir com a cava, a extração continuou caindo. Em 1988, foi de 745 kg, e, em 1990, de menos de 250 kg. Em março de 1992 o governo não renovou a autorização de 1984, e o garimpo voltou a ser concessão da Vale.
Em sua parte mais profunda, o lago de Serra Pelada possui 120 metros de profundidade. Acima d'água não difere muito de um lago comum, talvez exceto pela montanha recortada que se projeta morro acima. Abaixo da superfície, depositadas no solo envenenado de mercúrio, estão sobrepostas camadas de ouro, lama, sangue e ganância humana.



Serra Pelada:o formigueiro humano da década de 1980 Foto: Colossus - clique para ampliar.
Devido à recente valorização do ouro no mercado internacional após a crise econômica de 2008-2012, muitos garimpos até então desativados, passaram a ser reabertos. Em 2011, a empresa de mineração canadense Colossus Minerals Inc. se associou à Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (COOMIGASP), formando a joint venture Serra Pelada Companhia de Desenvolvimento Mineral (SPCDM), que irá explorar de forma mecanizada o ouro de Serra Pelada a partir de 2013. No entanto os garimpeiros não estão satisfeitos com a atual gestão da COOMIGASP e desconfiados da empresa Colossus como se pode ver no site da Associação  de  Defesa do Patrimonio dos Garimpeiros Sócios Coomigasp (ADEPAG)

Foto: Rafael Nogueira - Garimpeiro em Morretes-PR
No caso do ouro de aluvião, aquele que  se encontra no sedimento dos rios, a retirada do metal requer técnicas manuais (como a bateia) e a separação de outras substâncias como fragmentos de areia e rochas. Nessa técnica de separação Os garimpeiros jogam o mercúrio junto do aurífero, o mercúrio se une ao ouro formando um amálgama (união do mercúrio com o ouro) que é muito denso e fica depositado no fundo da bateia, enquanto outros sedimentos são levados pelo rio. Depois esse amálgama é  aquecido em altas temperaturas; o mercúrio que tem ponto de ebulição mais baixo se volatiliza (vaporiza); concomitantemente, ocorre a fusão entre as partículas do ouro, no fundo do recipiente. O excesso de mercúrio usado no processo de amalgamação é lançado diretamente no rio. Tanto o mercúrio metálico perdido durante o processo de amalgamação, como o mercúrio vaporizado (posteriormente inalado) durante a queima da amálgama para a separação do ouro, são altamente prejudiciais à vida. As maiores sequelas pela intoxicação por mercúrio se dão no sistema nervoso, podendo levar à perda da coordenação motora; se ingerido ou inalado por grávidas, haverá a possibilidade de geração de fetos deformados.
Essa substância entra na cadeia alimentar da população da região através da ingestão do mercúrio pelos peixes e posteriormente da ingestão dos peixes pela população, além da utilização da água do rio para uso doméstico e utilização na agricultura local. Fonte: Portal do Professor - MEC
Dados do Garimpo do Eldorado do Juma, em Apuí - AM, estimam que uma tonelada do material já foi retirada desde 2006. A quantia chega a R$ 97 milhões. O metal é encontrado desde a Cordilheira dos Andes até a região sul do Estado, nos municípios de Novo Aripuanã, Apuí e Maués.
A exploração do metal atraiu mais 8 mil pessoas no auge do chamado garimpo Eldorado do Juma, em 2006, logo após ter sido descoberto, tomando uma área de cerca de 10 mil hectares. 
Ao longo do rio Madeira existem entre 1,2 mil e 1,3 mil balsas que também praticam atividades garimpeiras mas o garimpo do Eldorado do Juma é o único processo licenciado pela cooperativa dos garimpeiros. Porém não se pode dizer exatamente que seja uma pratica sustentável pois a resolução 011/2012, aprovada em junho/2012 pelo Conselho Estadual do Meio Ambiente do Amazonas (CEMAAM) libera o uso de mercúrio nas atividade de lavra garimpeira de ouro no Estado do Amazonas. 
Veja porque o mercúrio é usado na mineração de ouro no site O Eco.
Foto e Fonte: Discovery Ajuda
Desde 2004 a iniciativa global Aliança pela Mineração Responsável (ARM) trabalha para melhorar a qualidade de vida e a distribuição de renda dos denominados Garimpeiros Artesanais de Pequena Escala (MAPE), por meio da aplicação de práticas sociais, ambientais e trabalhistas mais justas e igualitárias.

Fundada em Quito por um grupo internacional de mineiros comunitários, ambientalistas, empresários e especialistas em certificação provenientes da Colômbia, Equador, Estados Unidos, Filipinas, Holanda, Mongólia, Peru, Sri Lanka e Inglaterra, a ARM ajuda garimpeiros artesanais a desempenhar sua atividade de maneira digna e responsável.

Desde sua criação, a Aliança pela Mineração Responsável busca replicar esse modelo e inserir os produtores no mercado de metais e minerais certificados com o selo Fairmined.

Entre as organizações mineradoras de ouro certificadas na América Latina, podemos citar a Cooperativa Minera Aurífera Cotapata, da Bolívia; Coodmilla La Llanada, Cumbitara e Oro Verde, da Colômbia; Cooperativa Bella Rica, do Equador; Aurelsa, Cuatro Horas, Macdesa e Associação de Mulheres Garimpeiras Nueva Esperanza, do Peru. Veja mais associados em http://communitymining.org/en/about-arm/stakeholder-alliance

24 de junho de 2013

Apenas 7,5% da Caatinga está protegida

Artigo da Agência FAPESP - Por Karina Toledo em 24/06/2013

A Caatinga é considerada por especialistas o bioma brasileiro mais sensível à interferência humana e às mudanças climáticas globais. Apesar disso, apenas 7,5% de seu território está protegido em Unidades de Conservação (UCs) e apenas 1,4% dessas reservas são áreas de proteção integral.

Vegetação típica da caatinga. Foto Jornal da Chapada
O alerta foi feito pelo biólogo Bráulio Almeida Santos, do Centro de Ciências Exatas e da Natureza da Universidade Federal da Paraíba (CCEN/UFPB), durante o quinto encontro do Ciclo de Confe rências 2013 do BIOTA Educação, organizado pelo Programa BIOTA-FAPESP no dia 20 de junho.

“A região Nordeste tem 364 reservas registradas no Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC). Apenas 113 (ou 31%) têm como objetivo proteger a Caatinga, embora esse bioma seja predominante em todo o semiárido brasileiro. É uma contradição que precisa ser revertida”, afirmou Santos.

Ainda segundo o levantamento feito pelo biólogo, quase metade das 113 UCs são particulares e apenas 9% têm plano de manejo. Na avaliação de Santos, a situação reflete a ideia errônea, porém disseminada durante muito tempo, de que a Caatinga seja um bioma pobre, homogêneo e no qual não há “quase nada a ser preservado”.

“A Caatinga sempre foi o patinho feio dos biomas brasileiros. Em primeiro lugar, vem a preocupação com a Amazônia, a Mata Atlântica e o Cerrado. A imagem da Caatinga é a do solo rachado e a do gado morrendo de sede, mas é a região semiárida com a maior biodiversidade do mundo”, afirmou Santos.

As espécies da Caatinga, no entanto, ainda são pouco conhecidas. Cerca de 41% do bioma nunca foi amostrado. Até o momento, segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, foram descritas na região 932 espécies de plantas, 241 de peixes, 7 9 de anfíbios, 177 de répteis, 591 de aves, 178 de mamíferos e 221 de abelhas. No caso da flora, mais de 30% das espécies descritas são endêmicas, ou seja, não ocorrem em nenhuma outra região do mundo.

O índice de endemismo chega a 57% no caso dos peixes, 37% no caso de lagartos, 12% dos anfíbios e 7% das aves, segundo dados apresentados por Adrian Antonio Garda, do Centro de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (CB/UFRN), durante o evento.

“O número de espécies descritas pode parecer pequeno quando você compara com os outros biomas brasileiros. Mas estamos comparando com biomas do país de maior biodiversidade do mundo e em condições climáticas completamente diferentes. Quando você compara com as regiões desérticas mais bem estudadas da América, a Caatinga apresenta bem mais do que o dobro do número de espécies e com altos níveis de endemismo. Isso apesar de mais de 40% do bioma nunca ter sido inventariado”, disse Garda.

Na avaliação de Santos, falta massa crítica dentro das universidades e de institutos de pesquisa locais para ampliar esse conhecimento e difundi-lo entre e os formuladores de políticas públicas. “É preciso levar as informações ao gestor. A falta de vontade política e de lideranças comprometi das com o uso racional da Caatinga é um dos obstáculos para conservação desse bioma”, avaliou.

Também é preciso derrubar o mito de que a Caatinga esteja pouco alterada, defendeu Santos. Estima-se que tenha sobrado apenas 54% do bioma. Os estados que mais desmataram foram Bahia, Ceará, Piauí e Pernambuco.

“Mas, ao contrário do que acontece no caso da Mata Atlântica, não sabemos com precisão o que já se perdeu do bioma e como estão distribuídos os fragmentos restantes. Do ponto de vista da conservação, é fundamental saber se são muitos fragmentos pequenos ou poucos fragmentos grandes para pensar em como reconectar as paisagens”, disse.

Reverter a perda de hábitat na Caatinga, no entanto, não é tarefa simples, explicou Santos. A escassez de água na região dificulta a fotossíntese e faz com que o bioma apresente uma resiliência muito pequena à interferência humana.

Ameaças

O principal fator de degradação da Caatinga hoje é, segundo Santos, o desmatamento praticado para obtenção de lenha e de carvão vegetal. Cerca de um terço da lenha cortada é para uso residencial. A maior parte do carvão vai para siderúrgicas e para os polos de gesso e cerâmica do Nordeste.

O biólogo também citou como ameaças o u so indiscriminado de fogo em práticas agropecuárias, a introdução de frutas exóticas à região e as criações extensivas de caprinos, ovinos e bovinos.

“Não estou defendendo que se deixe de criar bode ou se pare de usar lenha. Isso é parte da economia e da cultura local. Mas é preciso ordenar o uso dos recursos, fazê-lo de forma racional. Caso contrário, a consequência será a desertificação”, defendeu Santos.

Desertificação em Irauçuba - Ceará . Foto: O Globo
Outra importante ameaça, por mais contraditório que pareça, é o uso excessivo de água para irrigação agrícola. “Na Caatinga, naturalmente, chove pouco e o solo é compacto e duro. Em vez de a água ser rapidamente absorvida e conduzida para o lençol freático, ela se acumula e traz os sais e os nutrientes existentes no solo para a superfície. Quando a água evapora, ocorre a salinização do solo, o que compromete a vegetação e a agricultura”, explicou Santos.

De acordo com o pesquisador, já existem na região núcleos de desertificação – áreas com alto grau de degradação ambiental onde o solo está exposto e exibe alto grau de erosão, há pouca diversidade biológica e pouca cobertura vegetal.

“O polígono de maior risco de desertificação no Brasil está no Nordeste. Por já ser naturalmente uma região semiárida, a Caatinga é o bioma mais ameaçado pelas mudanças climáticas. À medida que o planeta esquenta, o déficit hídrico, que já é grande, tende a crescer”, alertou.

Desertificação no estado da Paraíba. Foto: Patos online
Ainda durante o quinto encontro do Ciclo de Conferências 2013 do BIOTA Educação, Luciano Paganucci, do departamento de Ciências Biológicas da Universidade Estadual de Feira de Santana (DCBio/UEFS), apresentou um panorama sobre a flora da Caatinga, falando sobre sua origem, evolução e as respostas adaptativas desenvolvidas para lidar com a falta d’água.

Organizado pelo Programa BIOTA-FAPESP, o Ciclo de Conferências 2013 tem o objetivo de contribuir para o aperfeiçoamento do ensino de ciência. O próximo encontro será em 22 de agosto, quando estará em pauta o “Bioma Amazônia”.

Em 24 de outubro, o tema será “Ambientes Marinhos e Costeiros”. Finalizando o ciclo, em 21 de novembro, o tema será “Biodiversidade em Ambientes Antrópicos – Urbanos e Rurais”.

21 de junho de 2013

Hidrelétricas voltam ser liberadas no Pantanal prejudicando a biodiversidade

Uma das maiores planícies úmidas do mundo e Patrimônio Natural da Humanidade, o pantanal é alvo do setor energético, que pretende espalhar pequenas centrais elétricas pela região

No dia 3 de maio de 2013, a decisão que impedia a construção de usinas hidrelétricas na Bacia do Alto Paraguai (BAP), localizada na região do Pantanal, nos Estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul foi derrubada na Justiça pela desembargadora Marli Ferreira, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3), em São Paulo.

Os projetos de novos licenciamentos hidrelétricos no Pantanal foram paralisados em janeiro deste ano, depois de a Justiça acolher a solicitação do Ministério Público Federal (MPF) e Ministério Público Estadual (MPE) de Mato Grosso do Sul, que concluíram, com base em dezenas de documentos, que a construção de represas na Bacia do Alto Paraguai irá alterar os sistemas hídricos e o funcionamento biológico natural de todo o Pantanal.

Construção de hidrelétricas na Bacia do Alto Paraguai no Pantanal. Fonte:  Revista Reciclar Já


Leia a reportagem dos perigos à biodiversidade do Pantanal publicado no dia 17/06/2013 por Clarisse Souza - Em.com.br

Poucos lugares no mundo abrigam tamanha biodiversidade e mesclam características de tantos biomas quanto o Pantanal Mato-grossense. A exuberância da reserva de mais de 140 mil quilômetros quadrados distribuídos entre os estados de Mato Grosso (MT) e Mato Grosso do Sul (MS) é marcada principalmente pelo fato de o bioma ser guardião de milhares de espécies, muitas raras e em extinção. Mas a grande planície alagada que sobrevive graças aos ciclos de cheia e seca dos rios atrai também empresários do setor energético. Nos últimos anos, a região pantaneira tem sido ocupada por dezenas de pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Especialistas acreditam que as intervenções estejam alterando o fluxo migratório de espécies aquáticas. Assim como eles, a comunidade ribeirinha cobra uma avaliação ambiental estratégica do conjunto de equipamentos instalados ao longo do pantanal para medir o real impacto que as PCHs geram no funcionamento do ecossistema.

Detentor do título de Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera, concedido pela Unesco, o pantanal é uma das maiores planícies úmidas do mundo, que, graças aos grandes rios que cortam a região, tem formação de grandes inundações de água doce ou salobra em toda sua extensão. Companhias de energia elétrica viram no grande volume de água uma oportunidade de negócio. O interesse é tão grande que além das dezenas de PCHs já em funcionamento nos dois estados, outros 87 projetos estão em andamento. Eles haviam sido suspensos por uma liminar da Justiça em dezembro, que proibía a expedição de licenças ambientais para construção de hidrelétricas até que os órgãos responsáveis apresentassem estudo de impacto do conjunto de PCHs. Mas a liminar foi derrubada em 3 de maio pela desembargadora Marli Ferreira, do Tribunal Regional Federal (TRF) de Cuiabá, depois de um recurso da Associação Brasileira dos Geradores de Energia Limpa (Abragel).

As usinas de pequeno porte que têm sido construídas nos rios do pantanal são capazes de gerar de 1 a 30 megawatts e operam pelo sistema conhecido como fio d’água. Nesse tipo de hidrelétrica, não há formação de grandes reservatórios de água, mas ainda assim a bióloga especialista em ecologia de rios da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Pantanal e professora da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Débora Calheiros afirma que as PCHs são um risco para o sistema hidrológico da região. Débora observa que a construção de tantas usinas já alterou o fluxo migratório dos peixes, que têm enfrentado problemas para se reproduzir. “As PCHs são consideradas pequenas por sua capacidade de geração de energia, mas qualquer obstáculo que é colocado no leito do rio interrompe seu fluxo e altera o ciclo de secas e cheias, fundamentais para a reprodução de algumas das espécies mais importantes do pantanal”, alerta.

A produção das PCHs, segundo Débora, é pequena e não compensa o impacto ao meio ambiente. “Elas geram cerca de 1% da energia produzida no Brasil”, aponta. Ela diz ainda que as hidrelétricas podem atingir a pecuária. De acordo com a especialista, alguns produtores criam gado em pasto nativo, que depende das inundações para se livrar de alguns tipos de vegetação. “A pecuária extensiva já sofre, pois não observamos cheias tão grandes”, observa. Ela lembra ainda que as secas pronunciadas também são importantes, pois é quando algumas espécies, como as tartarugas, aproveitam para se reproduzir. A bióloga critica a forma como as licenças têm sido concedidas. “Não se pode medir o impacto individual das PCHs quando elas estão em um bioma complexo como o pantanal. O que cobramos é uma avaliação ambiental estratégica de toda a região para sabermos as mudanças que elas podem causar.”

O Tuiuiú é considerado a ave-símbolo do Pantanal onde é a maior ave voadora.

Natureza em declínio
Moradora da região de Cáceres, em Mato Grosso, há mais de 40 anos, Elza Bastos Pereira, de 52, diz ter testemunhado muitas mudanças no pantanal desde que o conjunto de PCHs começou a operar. Ela conta que tem observado alterações no pulso de inundação do pantanal – sistema responsável por controlar as secas e cheias. Presidente da Colônia de Pescadores de Cáceres, ela explica que os peixes são a principal fonte de renda da comunidade ribeirinha. Banhada pelas águas do Rio Jauru, a região é conhecida devido à riqueza em espécies aquáticas e abriga peixes como pintado, piraputanga, jurupoca, dourado e vários outros. Além de serem comercializados, os animais são ainda um atrativo para a pesca turística. Mas, segundo Elza, a população de peixes caiu muito desde que seis usinas foram construídas no leito do rio.

 “É um período de tristeza para a população ribeirinha. Sobreviver da pesca está muito difícil”, lamenta. Elza afirma que as intervenções têm feito o nível do rio baixar mais que o normal, o que resulta na morte dos peixes. O resultado são quedas de até 80% na renda de algumas famílias, o que tem levado pescadores a buscar outra ocupação.

“Fazer estudos pontuais para medir os impactos das pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) é querer enganar a população. O pantanal é composto por um sistema bastante sensível e a instalação de tantas PCHs nessa região tem um grande potencial de impacto. Não temos como dizer com precisão o que vai ocorrer, mas toda a área do pantanal precisa do pulso de inundação, do qual os animais e espécies vegetais dependem para se reproduzir. Mas esse processo ecológico corre o risco de ser alterado com a criação de barragens, mesmo que pequenas, no leito dos rios, gerando interrupção no fluxo de enchentes e secas. Não são apenas os peixes que correm o risco de serem prejudicados. A pecuária também pode ser afetada, pois espécies invasoras podem se proliferar em pastos nativos com a mudança dos períodos de cheia e impossibilitar a criação de gado.” Geraldo Damasceno - Biólogo e professor de ecologia de comunidades vegetais da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS)

"Preocupação é exacerbada", diz sindicalista
Com o argumento de que as pequenas centrais hidrelétricas promovem a geração de energia limpa, representantes do setor de energia elétrica rebatem a opinião dos especialistas e afirmam que as dezenas de usinas em operação têm contribuído para a preservação do bioma pantaneiro. Superintendente do Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica e Gás do Estado de Mato Grosso (Sindenergia-MT), Marcelus Mesquita considera exacerbada a preocupação com os possíveis impactos no sistema hidrológico. “Acreditamos que há um exagero. Estão dizendo que a PCH degrada o meio ambiente, mas as pequenas hidrelétricas usam o sistema de fio d’água e o represamento é muito pequeno”, afirma.

Marcelus observa que para manter o bom funcionamento das usinas de pequeno porte, as empresas licenciadas que operam os equipamentos precisam se preocupar com o acúmulo de sedimentos nos rios e, segundo ele, isso ajuda a preservar a região. “Não pode haver assoreamento nas regiões em que há PCHs, porque isso faz com que as turbinas estraguem. Isso também ajuda a preservar a região”, considera o superintendente do Sindenergia-MT. Ele comemora a decisão judicial que possibilitou a retomada dos licenciamentos na região do pantanal. “O estudo conjunto é inviável e a Justiça entendeu isso. As empresas cumprem todas as exigências da legislação ambiental e vão continuar a solicitar investimentos”, afirma.

Bacia do Alto Paraguai - Pantanal
Enquanto a discussão avança, a pescadora Elza teme pelo futuro do santuário natural. “É o pequeno contra o grande. Temos tentado reverter esse problema na Justiça, mas é preciso agir rápido porque essas PCHs vão acabar com o nosso pantanal”, cobra.

Leia mais: Para onde caminham os rios: Um exemplo norte-americano e a realidade brasileira

20 de junho de 2013

Nadador Lewis Pugh se torna o patrono para oceanos do PNUMA

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) ganhou um aliado de fôlego. O nadador inglês Lewis Pugh é o seu Patrono para Oceanos. Ele dará a volta ao mundo a nado para chamar a atenção acerca da conservação dos mares. A largada será dada em 2014 e deverá durar três anos, passando por três oceanos e 18 mares. Ao longo da jornada, vai promover ações ambientais de preservação marítima.


“Um dos objetivos da Convenção sobre a Diversidade Biológica é ter 10% dos mares como áreas protegidas até 2020. Cerca de 10% do território terrestre já estão protegidos como reservas e parques. Se conseguimos fazer na terra, poderemos fazer o mesmo com os mares”, afirmou Pugh em nota divulgada pelo PNUMA.

Pugh é advogado, mas nem assim deixa a água. Ele é especialista em legislação marítima. Nadando, é a única pessoa a ter completado travessias de longas distâncias em todos os oceanos.

Criado em dezembro de 1972, o Pnuma lançou, em 1974, o Programa de Mares Regionais, que desenvolve ações para a conservação do ambiente marinho. Atualmente, mais de 140 países participam de 18 iniciativas para mares regionais, seis delas administradas pelo Pnuma.

Para o subsecretário da ONU e Diretor Executivo do Pnuma, Achim Steiner, reduzir a poluição, equilibrar a pesca exagerada e conservar ecossistemas marítimos são prioridades.

Fonte: O Globo

14 de junho de 2013

Maior aterro de pneus do mundo fica no Kuwait e é visto do espaço

Para os que cuidam direitinho de um pneu, ele pode percorrer em média 32 mil km. Ao fim da vida útil os seus materiais podem ser reciclados ou reutilizados para uma variedade de fins. Mas, ainda existem muitos que vão parar em aterros. Um exemplo dessa realidade está na região de Sulaibiya no Kuwait, onde fica o aterro considerado o maior do mundo para pneus.

Vista do espaço, clique no link para acessar pelo Google Maps
A extensão de borracha é tão grande (alcançando mais de sete milhões) que já pode ser vista do espaço, segundo o site  Green Savers. A maioria dos pneus é proveniente dos Estados Unidos, mas outros países também pagam para se verem livres dos resíduos.

Desde 2003, este tipo de prática é ilegal na Europa. O continente chega a reciclar cerca de 480 mil toneladas de borracha por ano. Na Grã-Bretanha todos os pneus de carros e caminhões também devem ser recuperados, reciclados e reutilizados.

No Brasil o Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama) instituiu, em 1999, a resolução 258/99  que proíbe o descarte de pneus em rios, aterros sanitários, lagos, terrenos baldios, assim como a queima desses objetos em céu aberto. Além disso, os pneus velhos passam a ser de responsabilidade de seus fabricantes, que devem dar uma destinação correta ao produto.

O Brasil também impede a importação de pneus reformados para reduzir os volumes de resíduos.

Soluções para os pneus

Na hora de reutilizar ou reciclar os pneus se transformam em parques infantis, pistas de corrida, campos desportivos artificiais, combustível para fornos de cimento, pavimentos, entre outros.

Além disso, eles podem também ser usados na construção de estruturas resistentes a inundações e, se os resíduos de borracha estiverem em bom estado, na construção de estradas. Os especialistas afirmam que as estradas de borracha requerem menos manutenção, permitem melhor drenagem e ainda reduzem o ruído do tráfego em 25%.

Nos EUA foram construídas estradas de borracha na década de 1960, existindo hoje mais de 32 mil km feitas de pneus reciclados. As estradas de borracha também são muito populares na China, no Brasil, Espanha e na Alemanha.

Fonte conteúdo e fotos: Portal EcoDesenvolvimento e Daily Mail

10 de junho de 2013

Concreto biológico para construir fachadas "vivas"

Pesquisadores da Universidade Politécnica da Catalunha, na Espanha, desenvolveram um concreto biológico do qual crescem líquens e musgos naturalmente depois que a construção fica pronta.

O objetivo é criar prédios com "fachadas vivas", de forma a melhorar o conforto térmico interno e evitar gastos de energia com aquecimento e ar-condicionado, dependendo da estação.

Segundo a equipe, a incorporação dos microrganismos no próprio concreto oferece vantagens ambientais, térmicas e ornamentais em relação a outras técnicas de arquitetura verde.

"A inovação deste novo concreto é que ele se comporta como um suporte para o crescimento biológico natural e o desenvolvimento de certos organismos biológicos, particularmente certas famílias de algas, fungos, líquens e musgos," afirmam Antonio Aguado e seus colegas da Universidade de Granada.

"A ideia é também que as fachadas construídas com o novo material mostrem uma evolução temporal por descoloração, dependendo da estação do ano, bem como da família de organismos predominantes. Com esta técnica podemos evitar o uso de outras vegetações, para evitar que as raízes estraguem a construção," concluem.

Para viabilizar o projeto, equipe desenvolveu uma técnica para o crescimento acelerado dos microrganismos a partir de materiais à base de cimento.

O primeiro protótipo usa um derivado carbonatado do cimento Portland tradicional, de forma a obter um pH em torno de 8.

O segundo protótipo usa um cimento de fosfato de magnésio, um aglomerante que é ligeiramente ácido, dispensando tratamento para redução do pH.

Para garantir a colonização do material pelos microrganismos, os pesquisadores também ajustaram a porosidade e a rugosidade do concreto.

Musgos e Líquens
O processo foi patenteado, mas os pesquisadores trabalham ainda para acelerar ainda mais o crescimento dos líquens - o objetivo é que a fachada verde fique atraente em no máximo um ano depois do término da construção.

O concreto biológico consiste de uma placa de concreto, que faz o papel de elemento estrutural, à qual são adicionadas três camadas.

A primeira é de impermeabilização, evitando que a umidade passe para dentro do edifício.

A segunda é a camada biológica propriamente dita, com uma estrutura interna que permite a captação de água da chuva para os musgos e líquens.

Por último, é aplicada uma camada de impermeabilização inversa, que garante a manutenção da umidade na segunda camada.

Fonte: Blog MUDA e Público.es

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