16 de agosto de 2012

Você conhece o FIB - Felicidade Interna Bruta?

Achei uma matéria interessante no site da National Geographic sobre as mudanças dessas ultimas décadas no Butão. Mudanças sociais, culturais, políticas e principalmente econômicas. Quem nunca ouviu falar do FIB - Felicidade Interna Bruta, conceito econômico que se originou neste país?


A primeira vez que ouvi sobre esse tema estava em uma palestra que abordava economia e sustentabilidade das nações, e fiquei impressionada e apaixonada pelo conceito, apesar de considerar muito utópico. No entanto a cada ano este assunto tem sido mais discutido e divulgado em vários países (inclusive na Rio+20), existe a necessidade de reformular o que realmente determina o crescimento do país (atualmente essa medição é efetuada pelo PIB - Produto Interno Bruto). Em muitos dos países desenvolvidos a prosperidade aumentou, o capital social diminuiu, o bem-estar/felicidade não aumentou e ocorreram imensos custos ambientais na busca pela prosperidade.
Em uma enquete organizada pela Universidade Britânica de Leicester, o Butão ficou em oitavo lugar entre os países mais felizes de todo o mundo. Perdia para a Dinamarca, Suíça, Áustria, Islândia, Bahamas, Finlândia e Suécia. As grandes economias do mundo vinham muito atrás, na poeira do crescimento econômico.
No FIB idealizado pelo rei de Butão, o crescimento de um país é determinado não só pelos lucros e renda per capita, mas também pelas condições de trabalho e moradia, utilização sustentável do meio ambiente, saúde, educação... Tudo é medido para determinar o crescimento ou a "felicidade" do país.

Veja uma explicação sobre o FIB de Dasho Karma Ura (Mestre em Pólítica, Filosofia e Economia pela Universidade de Oxford, Inglaterra, e vice-presidente do Conselho Nacional do Butão. Presidente do Centro para os Estudos do Butão fundado pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas/PNUD)

Origem do FIB

O atual rei do Butão, 5º na história do país, proclamou que a materialização da visão do FIB será uma das quatro principais responsabilidades do seu reinado. A meta última que norteará as mudanças sociais, econômicas e políticas no Butão será o FIB –Felicidade Interna Bruta. Sua Majestade o Rei disse que uma sociedade baseada no FIB significa a criação de uma sociedade iluminada, na qual a felicidade e o bem estar de todas as pessoas e de todos os seres sencientes é o propósito último da governança. Em abril de 1986, a frase, com estas exatas palavras: “Felicidade Interna Bruta é mais importante do que Produto Interno Bruto” foi cunhada por Sua Majestade o 4º Rei do Butão, que é o autor do conceito do FIB. O que ele disse, nos anos 1970 e 1980, quanto ao PIB ser canalizado na direção da felicidade, foi algo bastante inédito, senão revolucionário. Agora, 20 a 30 anos depois, as opiniões ao redor do mundo estão começando a convergir no sentido de tornar a felicidade uma meta sócio-econômica coletiva.

Por que o PIB é inadequado para medir o bem-estar?

Em primeiro lugar, vamos assinalar que o PIB é parte integrante do FIB, uma vez que o crescimento econômico de fato promove o bem-estar e a felicidade dos mais pobres. Todavia, diversas deficiências do PIB também precisam ser reconhecidas.

Falta de distinções de natureza qualitativa
Existem muitos modos de se atingir o mesmo nível de PIB, que por si só não se importa, ou registra, se a riqueza foi gerada através de prostituição ou de meditação, ou mesmo se foi obtida se maneira estressante ou prazerosa.

Propensão ao Consumo
O PIB é uma acurada métrica para se determinar tudo aquilo que é produzido e consumido através de transações monetárias. Entretanto, se algum bem for deliberadamente conservado e não consumido, então esse bem deixa de ser registrado como um valor. Como resultado disso, existe uma tremenda inclinação voltada ao consumo na adoção do PIB. Um trator que está simplesmente largado numa fazenda é contabilizado como uma riqueza, e certamente que um tigre numa floresta deve ter mais valor do que um trator, porém, sob a ótica do PIB, não é isso que ocorre. Este mede muito bem o capital produzido, mas não mede outras formas de capital e serviços, tais como aqueles providos pelo meio ambiente, humanos e sociais.


Sub-valoriza tempo livre e trabalho não remunerado
O PIB não mede o tempo livre e nem tampouco o trabalho voluntário, não remunerado, revelando um sério preconceito contra trabalho voluntário e lazer. Todavia, o trabalho não remunerado e voluntário contribui para a felicidade e o bem-estar. Cuidar de crianças e idosos, bem como o trabalho doméstico, são serviços não remunerados que se dão à margem das transações do mercado. Essas atividades não estão precificadas, e são executadas por aqueles cuja motivação está acima do ganho financeiro.

Justiça Econômica
Embora a desigualdade possa ser medida separadamente por um índice específico para esse fim, o PIB em si é cego para a injustiça econômica. Durante o nosso consumo de bens e serviços, a métrica daquilo que nos proporciona felicidade é relativa, em comparação àquilo que os outros estão consumindo. Se a comparação afeta o nosso bem-estar subjetivo, a desigualdade continuará a ter um poderoso efeito negativo na felicidade enquanto uma desigual distribuição da riqueza persistir. Sempre haverá alguém acima na escada, e um modo de se neutralizar esse efeito negativo é de se atingir um alto grau de igualdade.

Povo Butanês
Importância dos serviços pós-materiais.
Uma vez que um certo nível de riqueza foi alçanda, como por exemplo, na Europa e no Japão, o objetivo das pessoas não são bens, mas em vez disso aquilo que está se chamando de “serviços pós-materiais que transcendem os bens”. Um aumento desses serviços está mais provavelmente influenciado pelo imaterial, que vem de fatores como família, amigos, segurança, redes sociais, liberdade, criatividade, significado para a vida e assim por diante. Esses benefícios das sociedades pós-industriais não necessariamente aumentam com a renda.
Leia o restante do texto aqui

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